Gelo no concreto, quando utilizar?
Escrito por Eduarda Matos sob orientação dos professores Alcino de Oliveira Costa e Iara Ferreira de Rezende Costa.
Para que a mistura cimento, água, agregados e aditivos se transforme em concreto, é necessário que ocorram reações químicas, que sempre absorvem ou geram energia térmica. A hidratação do cimento é exemplo de um tipo de reação que produz calor. O Engenheiro Selmo Kuperman, conselheiro do Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon), explica que existe uma tendência de os corpos entrarem em equilíbrio com a temperatura ambiente por meio de trocas de calor. Por isso, dependendo das dimensões da peça e das características do concreto, a transferência térmica pode ser maior ou menor.
Figura 1 – Utilização do concreto

Fonte: Mapa da Obra, 2016
O calor atingido durante a reação do concreto varia de quase imperceptível até muito elevado. Quando o concreto endurece e sua temperatura diminui, a peça se retrai, causando trincas, eventualmente. Sobre o fato Rubens Curti, especialista em concreto da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), afirma que “Quando a temperatura do concreto se diferencia da temperatura ambiente em mais de 25°C, a probabilidade de ocorrer uma fissura é muito alta”. Esta fissuração facilita a entrada de agentes agressivos no concreto ou também nas armaduras, reduzindo significativamente a durabilidade do material.
O problema da fissuração devido à alta temperatura da reação é mais frequente em peças de grandes dimensões, tais como as usadas em barragens, blocos de fundação de edificações, blocos de fundação de torres eólicas, lajes espessas, vigas grandes e pilares de amplas seções transversais.
Um método utilizado para o resfriamento do concreto durante o processo é feito com uso de gelo e/ou água gelada, sendo um procedimento importante que evita, em várias circunstâncias, a ocorrência da fissuração devido as altas temperaturas. Kuperman, conselheiro da Ibracon, evidencia que “O uso do gelo é o mais indicado, pois o material tem cerca de oito vezes mais capacidade de reduzir a temperatura do concreto se comparado com a mesma quantidade de água”.
Figura 1 – Resfriamento do concreto com gelo

Fonte: Gelo Primor, 2015
Desta forma, a adição de gelo impede que a temperatura da massa se eleve muito, controlando assim as tensões de origem térmica causadas pela expansão e retração do concreto. O tipo de gelo ideal a ser utilizado para este fim é em escamas, pois sua dissolução no concreto é mais rápida. Em cubos, o efeito de resfriamento ocorrerá mais lentamente.
Outras alternativas menos usuais para o resfriamento do concreto são o emprego de nitrogênio líquido no balão do caminhão betoneira, a realização de pós-refrigeração através da inserção de serpentinas no concreto e a utilização de retardadores de pega na composição. É importante ressaltar que antes de se adotar qualquer uma dessas soluções, devem ser efetuados cálculos de tensões de origem térmica para verificar se há realmente necessidade de sua aplicação, assim como cálculo adequado para quantidade exata de cada produto, afim de evitar transtornos econômicos.
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REFERÊNCIAS
GELO PRIMOR. Resfriamento de concreto. 2015. Disponível em: http://primorgelo.blogspot.com/2015/
MAPA DA OBRA. Como funciona o resfriamento do concreto?. 23/12/2016. Disponível em: https://www.mapadaobra.com.br/capacitacao/como-funciona-o-resfriamento-do-concreto/
AEC WEB. Resfriamento do concreto com gelo evita a formação de trincas. Disponível em: https://www.aecweb.com.br/revista/materias/resfriamento-do-concreto-com-gelo-evita-a-formacao-de-trincas/14517
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