Conheça as principais patologias que podem ocorrer em sua obra
Escrito por Luiz Henrique Lopes Vieira sob orientação dos professores Alcino de Oliveira Costa Neto e Iara Ferreira de Rezende Costa.
No setor da construção civil, o termo patologia é entendido como a manifestação de falhas e/ou anomalias encontradas em diversos tipos de edificações, de modo que, se dá por vezes, pela má execução de projetos, utilização de materiais de baixa qualidade, emprego de mão de obra ineficiente e falta de manutenção.
Neste contexto, Galdino et al. (2016) e Lottermann (2013) citam, que as manifestações patológicas de maior ocorrência, são as infiltrações, o mofo e o bolor, as eflorescências e criptoflorescências, as fissuras e trincas e a corrosão de armaduras.
Com isso, será apresentado a seguir, as principais características e fatores de ocorrência das anomalias supracitadas.
1. Infiltração
A infiltração (Figura 1) é resultado do processo de passagem da água ou fluído pelos poros da estrutura, seja do meio externo para o interno ou vice-versa. Desta forma, a presença de outras patologias, como as fissuras e trincas, poderá agravar o escoamento da água, e consequentemente, a intensidade da infiltração. Além disso, destaca-se, que em ocasiões onde a edificação está dotada de pontos de infiltração, o aparecimento do mofo, bolor, eflorescências e a corrosão das armaduras, podem se manifestar de forma prévia quando se compara a exposição às condições naturais do ambiente (intempéries).
Figura 1 - Manchas de infiltração sob a laje

Fonte: MARTINS; VIEIRA, 2018.
2. Mofo e bolor
A presença de mofo ou bolor nas edificações é notório quando há a presença de manchas escuras em tonalidades preta (Figura 2), marrom e verde. A ocorrência destes tipos de patologias poderá gerar modificações estéticas insatisfatórias, e, além disso, visto que o mofo e bolor são decorrentes da proliferação de fungos de variados tipos, a presença destes poderá prejudicar a saúde (sistema respiratório) de quem ali reside.
Figura 2 - Proliferação de mofo e bolor

Fonte: MARTINS; VIEIRA, 2018.
3. Eflorescência e Criptoflorescência
A presença de umidade nas edificações, por vezes se torna insatisfatória, motivo esse, por ser um fator de desencadeamento de patologias, como é o caso das eflorescências e criptoflorescências.
Destaca-se a primeiro momento para as eflorescências, estas que se dá pelo processo de transporte das soluções salinas no interior do concreto para as superfícies das paredes, de modo a resultar em depósitos de soluções salinas. Neste contexto, as eflorescências apresentam aspectos esbranquiçados, de modo que, em situações de fluxo constante de água as formações de estalactites se tornam susceptíveis, como se observa na Figura 3. Além disso, quando esta patologia se encontra em um estágio avançado, o processo de corrosão das armaduras se agrava, conforme mencionado por Pinto e Amaral (2015).
Figura 3 - Manifestação da eflorescência em formação de estalactite

Fonte: MARTINS; VIEIRA, 2018.
Em contrapartida, quando os depósitos salinos se dão no interior da parede, caracterizam-se as criptoflorescências, como cita Lottermann (2013). Com isso, durante o processo de expansão dos sais haverá o desplacamento do revestimento, e, além disso, em situações críticas (grandes concentrações de criptoflorescências) poderá ocasionar rachaduras e queda da parede.
Figura 4 - Manifestação das criptoflorescências

Fonte: MARTINS; VIEIRA, 2018.
4. Fissuras e trincas
A manifestação destas patologias na edificação são notáveis em variados elementos e fases da construção, como nas peças estruturais (lajes, vigas, pilares), alvenarias e vãos de portas e janelas, que por vezes se dá, pela concentração de tensões, misturas inadequadas (argamassa, concreto), materiais de baixa qualidade e outros.
De acordo com a ABNT NBR 9575:2010, as fissuras são pequenas aberturas, menores ou iguais a 0,5 mm, geradas pela ruptura de um material ou componente, em contrapartida, as trincas caracterizam-se por aberturas superiores a 0,5 mm e inferiores a 1 mm. Com isso, para que haja a diferenciação e classificação das mesmas, utiliza-se a régua de fissura (Figura 5).
Figura 5 - Régua de fissura

Fonte: GUERRA, 2013.
Contudo, as manifestações das trincas e fissuras possibilitam analisar e definir situações impróprias na edificação, de modo especial aos elementos estruturais, pois como cita Ambrosio (2014) apud Silva (2018), as fissuras, e consequentemente as trincas, podem caracterizar o cisalhamento, torção, tração, fendilhamento nas peças estruturais, de forma que, em situações críticas de ocorrência, poderá gerar riscos às pessoas que ali residem, e, além disso, acelerar os processos corrosivos nas armaduras
5. Corrosão de armaduras
A corrosão de armaduras é decorrente à exposição aos elementos ambientais (intempéries), como o oxigênio e a umidade presentes na atmosfera, de modo que reagem com o aço resultando-se em uma oxidação, dessa forma podendo comprometer o comportamento da estrutura (Figura 6).
Figura 6 - Corrosão de armadura

Fonte: MARTINS; VIEIRA, 2018.
Além disso, em regiões de alta concentração de gás carbônico na atmosfera, como em grandes centros urbanos, a estrutura estará sujeita ao processo de carbonatação.
Neste processo, as moléculas de CO2 presentes na atmosfera acabam penetrando na estrutura e diluindo-se na umidade. Após isso, ligam-se às moléculas de cálcio do concreto, formando o chamado Ácido de Cálcio que corrói a estrutura. (DE JESUS et al., 2019).
Neste contexto, a importância de seguir os cobrimentos mínimos das peças estruturais descritos na ABNT NBR 6118:2014 se tornam de grande valia, visto que, a camada de concreto envolta sobre as armaduras irá auxiliar na proteção das mesmas, de modo a evitar o contato com as ações nocivas oriundas das intempéries.
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REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto. Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 9575: Impermeabilização - Seleção e projeto. Rio de Janeiro, 2010. 12 p.
GALDINO, L. R. N.; SILVA, A. L. da; ALVES, D. M. de L.; MELO, M. F. B. W. C. de; GOMES, T. C. P.; GONZAGA, G. B. M. Estudo de caso: patologias mais decorrentes nas residências da comunidade Rafael. Caderno de Graduação: Ciências Exatas e Tecnológicas, Maceió - AL, v. 3, n. 3, p.107-120, nov. 2016.
GUERRA, R. S. de T. Clube do Concreto: Ferramenta - Régua para medir fissuras. 2013. Disponível em: <http://www.clubedoconcreto.com.br/2013/08/reguas-para-medir-fissuras.html>. Acesso em: 13 mai. 2020.
JESUS, V. A. de et al. PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL. Revista Pesquisa e Ação, v. 5, n. 4, p. 132-145, 2019.
LOTTERMANN, A. F. Patologias em Estruturas de Concreto: Estudo de caso. 2013. 66 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Departamento de Ciências Exatas e Engenharias, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí - RS, 2013.
MARTINS, I. de C.; VIEIRA, L. H. L. Levantamento de manifestações patológicas no câmpus I e JK da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM. 2018. 66 f. Monografia (Especialização) - Curso de Bacharelado em Ciência e Tecnologia. Diamantina/MG: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, 2018.
PINTO, C. R.; AMARAL, I. B. C. Manifestações Patológicas em Reservatórios de Concreto Armado em Edifícios Residenciais no Município de Viçosa-MG. 2015. Monografia (Bacharelado em Engenharia Civil). Universidade Federal de Viçosa. Viçosa. Minas Gerais.
SILVA, J. P. R. Análise e identificação de anomalias em revestimentos de reboco de um conjunto de edifícios na cidade de Uberlândia, e proposição de novas argamassas com vista à sua recuperação. 2018. 79 f. Monografia (Especialização) - Curso de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia Civil – FECIV, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia - MG, 2018.
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