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Casa de "isopor": a construção do futuro. Você já ouviu falar?

Atualizado: 9 de jun. de 2020

Escrito por Dayanne Caldeira Martins sob orientação dos professores Alcino de Oliveira Costa Neto e Iara Ferreira de Rezende Costa.



Isso mesmo, “isopor”! Não aquele que você usava na escola, trata-se de uma versão de EPS (poliestireno expandido), que é o seu nome correto, pois a denominação “isopor”, como popularmente conhecido, trata-se da marca que registrou esse material.


O EPS (Poliestireno Expandido) foi descoberto em 1949, na Alemanha, por meio de experimentos, onde os químicos Fritz Stasny e Karl Buchholz produziram esse novo tipo de material. Porém, esse benefício só chegou ao Brasil por volta dos anos 60 e foi registrado como “EPS Isopor” em 1998 pela empresa e marca Knauf Isopor, após a indústria ter comprado a Basf Isopor. Devido a isso, o nome "ISOPOR" passou a ser reconhecido nacionalmente como produtos de EPS.


A composição química descoberta, surgiu de polímeros e monômeros de estireno, que é um tipo de hidrocarboneto líquido produzido a partir do petróleo, o qual ao serem misturados a gases, levam à sua expansão e se dá ao formato do famoso e útil EPS. Outrora, os gases usados nesse processo eram os CFCs (clorofluorcarbonetos), que são conhecidos como os gases destruidores da camada de ozônio, mas hoje esses já foram substituídos pelo pentano, que não causa nenhum dano.


Ao passar do tempo, notou-se que esse conjunto químico, incha e fica extremamente leve, o que possibilita mantê-lo em qualquer formato, tamanho e densidade, com a capacidade de bloquear a umidade e manter a temperatura interna, pois quando em temperatura ambiente, o poliestireno é encontrado apenas em estado sólido. De acordo com a aplicação e necessidade, o material terá variações de densidade, onde quanto mais denso, mais rígido será e com características diferentes, como melhor reflexão do som e melhor isolação térmica.


Agora, você sabia que além de ser usado pela indústria de embalagens, o EPS também é utilizado na Construção Civil?


Sim! O EPS começou sendo utilizado na guarda costeira dos Estados Unidos nos barcos e também durante a Segunda Guerra Mundial. Ao se tornar popular, sua função foi ampliada e hoje é utilizado para auxiliar os segmentos de caixas, construção civil, embalagens, alimentos e bebidas, serviços de inovação, automobilística, entre outros setores.


O material se enquadra no grupo dos termoplásticos, o que significa que quando em contato com altas temperaturas pode ser moldado. Esse material é um método construtivo, que embora já utilizado no exterior há bastante tempo, vem ganhando espaço na construção civil brasileira nos últimos anos.


Certamente sabemos que o EPS é um avanço tecnológico na construção civil, pois ao contrário do que pareça ser, do tipo frágil, este apresenta resistência e durabilidade, além de outras vantagens, como:


· Alta resistência à compressão e a choques mecânicos;

· Possui liberdade arquitetônica;

· Durabilidade por não servir de alimento a nenhum organismo vivo, prevenindo do mofo e da umidade, já que o EPS não absorve água e não prolifera fungos e bactérias;

· Apresenta ótimo isolamento térmico (cerca de 85% do calor ou do frio), reduzindo os gastos de energia com climatização, e ótimo isolamento acústico que pode ser melhorado ainda com a utilização de lã de rocha;

· Transporte facilitado devido a sua leveza;

· Fácil manuseio e instalação hidráulica e elétrica;

· Economia na mão de obra e materiais, devido ao tempo ágil e praticidade de aplicação, onde uma casa de 400 m², por exemplo, demora em média 5 meses para ser finalizada;

· Obra limpa, fácil e de rápida execução, além de reduzir desperdícios, propiciando uma obra mais sustentável, pois o poliestireno expandido é 100% reciclável, diminuindo também a quantidade de entulho;

· Não queima e não propaga chamas, devido apresentar seguro contra incêndios, pois esse material é adaptado para não gerar combustão;

· As paredes são autoportantes, ou seja, suportam as cargas de forma independente dispensando o auxílio de outras estruturas, e possuem espessura reduzida ao se comparar com a alvenaria convencional;

· Economia na obra, pois é uma do tipo mais barata, devido a fundação para esse sistema ser mais leve, além de exigir menos vigas e pilares, reduzindo o peso estrutural da obra, considerando que o EPS é 98% composto de ar. Outra economia dentro da obra é na utilização de formas de madeira, escoramento de vigas, ferro e cimento;

· Aplicação ágil com argamassa, possibilitando diferentes tipos de acabamento e revestimentos nas paredes, como tinta e papel de parede, pois pode também pendurar quadros e prateleiras normalmente como em qualquer outro tipo de alvenaria.


E como será que funciona a aplicação da parede de EPS?


O sistema construtivo das paredes de EPS, pode ser composto de duas formas:


· A partir de blocos de poliestireno expandido, que se encaixam de forma similar às peças de lego e são alinhados conforme o desenho da planta.


Figura 1 - Modelo de bloco de poliestireno expandido

Fonte: Google imagens, 2020.


· E a partir de painéis de EPS com duas grelhas aramadas, que substituem os tijolos tradicionais.


Figura 2 - Modelo de painéis de poliestireno expandido

Fonte: Google imagens, 2020.


Ambos os sistemas possuem fácil fixação e trazem ótimos benefícios para o projeto, sem prejudicar a resistência da edificação. A instalação é feita encaixando um montante no outro e as tubulações hidráulicas e elétricas são instaladas em vãos feitos com o derretimento do material e o acabamento da parede se faz com jatos de argamassa. A parede de isopor se torna altamente resistente, sendo 30% maior que a dos tijolos comuns, o qual o efeito depois de finalizada é o mesmo.


No vídeo abaixo é apresentado o processo de fabricação de uma residência, com o segundo tipo de sistema construtivo citado. A casa possui aproximadamente 180 m² de construção, que foi entregue em 37 dias úteis, pela empresa Baue Construção Inteligente na região da cidade de Brasília.


Vídeo 1 - Casa de Isopor

Fonte: Youtube / Marano Barros (2018).


Imagina, você ter a obra de seus sonhos executada com todas essas vantagens e de maneira super rápida?!


E nos outros países? Como será que funciona?


Esse sistema construtivo de EPS é muito usado em países que sofrem com terremotos e furacões. A Japan Dome House fabricante de casas modulares japonesas, acredita que o isopor é o material de construção de casas do futuro. No Japão, a demanda pela infraestrutura leve aumentou no ano de 2016, onde a cidade de Kumamoto foi atingida por um terremoto de magnitude 7,0 que matou 49 pessoas e feriu outras 3.000, sendo que também mais de 44 mil pessoas foram evacuadas de suas casas.


Segundo Ramos (2017), os danos estruturais dos edifícios convencionais foram relatados tanto em Kumamoto quanto na prefeitura vizinha de Oita. Porém um lugar que não sofreu nenhum dano foi a Zona da Aldeia de Kyushu, um complexo residencial constituído por 480 casas construídas pela empresa Japan Dome House de EPS. A empresa japonesa anuncia suas casas de EPS contra terremotos há mais de uma década, mas foi esse desastre que convenceu as pessoas de que não era apenas marketing.


Figura 3 - Casas de EPS no Japão

Fonte: RAMOS, 2017.


A empresa afirma que uma casa de EPS pode ser montada em apenas uma semana por uma equipe de três pessoas, usando peças modulares, e o preço varia entre 7 milhões e 8 milhões de ienes (moeda oficial do Japão), o equivalente a aproximadamente 373 mil e 427 mil reais hoje (1 iene japonês = 0,053 real brasileiro) para uma casa com um espaço de cerca de 36 m².


No caso do Japão, o EPS utilizado no formato de esferas em poliestireno convencional expandidas cerca de 50% a 60% do tamanho original do monômero de estireno, causava a absorção de uma grande quantidade de oxigênio. Assim, a empresa Japan Dome House desenvolveu um método que expande o material em cerca de apenas 20% e minimiza a absorção de oxigênio, o que torna o material mais forte do que a espuma convencional, mantendo suas qualidades altamente isolantes.


Figura 4 - Vista interna de uma casa de EPS no Japão

Fonte: RAMOS, 2017.


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REFERÊNCIAS


BARROS, M. Casa entregue em 37 Dias c/ 180m² - Casa de Isopor. [S. l.: s. n.], 2018. 1 vídeo (2 min). Publicado pelo canal Marano Barros. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2PGTqht-1vU. Acesso em: 19 maio 2020.


RAMOS, A. No Japão estão sendo construídas casas de isopor resistentes a terremotos. Engenharia e: 2 jul. 2017. Disponível em: https://engenhariae.com.br/editorial/arquitetura/no-japao-estao-sendo-construidas-casas-de-isopor-resistentes-a-terremotos. Acesso em: 18 maio 2020.

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